À medida que envelhecemos, o corpo passa por diversas transformações, e o coração, nosso motor incansável, não fica imune a essas mudanças. A insuficiência cardíaca (IC), uma condição em que o coração não consegue bombear sangue de forma eficiente para atender às necessidades do corpo, torna-se mais frequente com o avançar da idade.
A insuficiência cardíaca está entre as principais causas de morte no mundo e no Brasil é a principal responsável por internações no Sistema Único de Saúde (SUS). Estudos apontaram que entre os anos de 1998 a 2019, foram registrados 567.789 óbitos por IC em adultos com idade acima de 50 anos, o que corresponde à taxa média de 75,5 a cada 100 mil habitantes.
Diante deste número alarmante, se torna essencial explorar o assunto, abordando os sintomas, as causas, o diagnóstico e as opções de tratamento para a insuficiência cardíaca, principalmente em idosos, desmistificando a doença e abrindo caminhos para uma vida mais leve e saudável.
Entendendo a insuficiência cardíaca
Imagine o coração como uma bomba que distribui sangue para todas as partes do corpo. Na insuficiência cardíaca, essa bomba começa a perder força e não consegue mais acompanhar o ritmo, levando a uma série de sintomas que impactam diretamente a qualidade de vida do paciente.
É fundamental entender que a insuficiência cardíaca não significa que o coração parou de funcionar, mas sim que sua capacidade de bombear sangue está comprometida, por diferentes causas.
Principais causas de insuficiência cardíaca em idosos
Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da insuficiência cardíaca em idosos. Doenças pré-existentes, como hipertensão arterial e diabetes, desempenham um papel crucial, uma vez que sobrecarregam o coração e as veias e artérias ao longo dos anos.
Por isso, podemos elencar alguns dos principais vilões, que comprometem bastante a saúde do coração:
- Doença arterial coronariana: o acúmulo de placas de gordura nas artérias coronárias reduz o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco, enfraquecendo-o e, em casos extremos, levando ao infarto.
- Hipertensão arterial: a pressão alta constante força o coração a trabalhar mais para bombear o sangue, causando mudança na sua estrutura até chegar no que popularmente é chamado de “coração grande” ou “inchado”.
- Diabetes: o excesso de glicose no sangue pode danificar os vasos sanguíneos e os nervos que controlam o coração, comprometendo seu funcionamento.
- Valvopatias: alterações nas válvulas cardíacas que fazem com que sua abertura ou o seu fechamento não ocorra de forma adequada dificultando o fluxo adequado do sangue pelo coração.
- Cardiomiopatias: Doenças do músculo cardíaco. Podem ser congênitas (existirem desde o nascimento), causadas por infecções, por medicamentos (como alguns quimioterápicos), abuso de álcool ou drogas, etc.
Principais sintomas de Insuficiência Cardíaca
Muitas vezes, os sintomas da insuficiência cardíaca são confundidos com o próprio processo de envelhecimento, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento adequado.
Por isso, é importante ficar atento aos seguintes sinais:
- Falta de ar: a falta de ar pode se manifestar durante atividades físicas ou mesmo em repouso, especialmente quando o indivíduo se deita.
- Cansaço excessivo e fraqueza: a sensação persistente de fadiga e a dificuldade em realizar atividades corriqueiras podem indicar que o coração não está bombeando sangue suficiente.
- Inchaço nas pernas, tornozelos e pés: o acúmulo de líquidos (edema) ocorre porque o coração não consegue bombear o sangue de volta de forma eficiente.
- Ganho de peso repentino: o acúmulo de líquidos também pode se refletir em um aumento rápido de peso, mesmo sem alterações na dieta.
- Tosse persistente: a tosse seca e persistente, principalmente após se deitar, pode ser um sintoma de insuficiência cardíaca.
- Perda de apetite e náuseas: a redução do fluxo sanguíneo para o sistema digestivo pode causar a falta de apetite, náuseas e indigestão.
- Confusão mental: a confusão mental, a desorientação e a dificuldade de concentração podem ocorrer devido à redução do fluxo sanguíneo para o cérebro.
- Aumento da frequência cardíaca: o coração bate mais rápido para compensar a redução da sua capacidade de bombeamento.
Como tratar insuficiência cardíaca em idosos?
O diagnóstico precoce da insuficiência cardíaca é crucial para prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O médico irá realizar um exame físico completo, avaliando o histórico médico do paciente, além de solicitar exames complementares.
O tratamento para a insuficiência cardíaca em idosos deverá ser individualizado e depende da gravidade da condição, da presença de outras doenças e das necessidades específicas de cada paciente. O objetivo é aliviar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida.
Algumas opções de tratamento podem incluir:
- Mudanças no estilo de vida: adotar hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, prática regular de exercícios físicos leves a moderados, controle do peso e abstinência de tabagismo e consumo excessivo de álcool.
- Medicamentos: diversas classes de medicamentos podem ser prescritas, como diuréticos, inibidores da ECA, betabloqueadores, inibidores da SGLT2.
- Dispositivos implantáveis: em alguns casos, dispositivos como marca-passos cardíacos e cardiodesfibriladores podem ser indicados para regular o ritmo cardíaco e prevenir arritmias graves.
Importância de acompanhamento médico regular
A insuficiência cardíaca é uma condição crônica que requer acompanhamento médico regular. Consultas periódicas permitem monitorar a progressão da doença, ajustar o tratamento quando necessário e identificar precocemente possíveis complicações.
Apesar da insuficiência cardíaca ser mais comum em idosos, é importante fazer acompanhamento médico preventivo desde a fase adulta.
Por isso, agende sua consulta para receber um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado, garantindo que cada pulsar seja vivido com dignidade e qualidade.